segunda-feira, março 29, 2010

A rotina


Odeio rotina. Odeio horários. Odeio. Se o segundo é um mal necessário, a primeira penso que não.
No trabalho, o horário obviamente tem sido sempre o mesmo e se a rotina começa aqui, também acaba aqui. Estar numa farmácia ao balcão é uma aventura constante, há sempre uma dúvida digna de meter mãos à pesquisa, temos sempre que estar atentos a interacções medicamentosas, temos que prestar aconselhamento, e os utentes confiam sempre mais em nós do que num médico (nada contra médicos, atenção), é uma responsabilidade. Acabam de vir duma consulta e, de qualquer modo, confirmam a medicação connosco, se achamos bem, se há algo melhor, se podem tomar tendo isto ou aquilo, se há algo semelhante mais barato e, por vezes, o que vem prescrito não é o mais adequado ao perfil do utente.
Numa farmácia não há rotina.
A rotina é algo que me faz muita confusão. Seja no que for, no trabalho, em casa ou numa relação. E, por isso, tento sempre afastá-la com todas as minhas forças, fugir dela como o diabo da cruz.
A rotina é aquela que vem de mansinho, se instala sem pedir licença e, depois de instalada, raramente vai embora. Porque para desaparecer, apesar de bastar apostar nas pequenas coisas, é preciso um certo esforço, disposição e, acima de tudo, vontade.
Só que muitas vezes o comodismo é soberano, casa com a rotina e juntos formam um casal quase invencível. Quase.

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